sexta-feira, 17 de abril de 2009
Metodologia Triangular
Releitura e Análise das Obras de Arte
Nas últimas três décadas, importantes mudanças de foco ocorreram no ensino de Arte no Brasil.
Seguindo uma via aberta especialmente por arte-educadores norte-americanos, ainda na década de 1960, as novas concepções de aprendizado artístico que têm se firmado em território brasileiro propõem, entre outras coisas, uma revisão crítica da noção de livre expressão e colocam francamente em cheque a idéia ainda muito difundida de que o desenvolvimento artístico – especialmente o da
criança – se processa de maneira espontânea e auto-expressiva.
Na contra-corrente da tendência da livre expressão, autores como Edmund B. Feldman, Thomas Munro e Elliot Eisner frisaram o quanto o desenvolvimento artístico é, na verdade, o resultado de um aprendizado complexo: ele depende de um esforço ativo e – ao menos em parte – consciente na resolução daquelas questões que se apresentam na medida em que se ensaiam tentativas de transformar em objetos acessíveis aos sentidos idéias, aspirações ou sentimentos. Esse processo de aprendizagem pode, em certa medida, ser orientado por um professor, que encontra nessa tarefa uma maneira efetiva de contribuir para a educação artística, seja da criança, seja do adulto.
Para que uma tal mudança de concepção ocorresse, foram certamente importantes as transformações análogas ocorridas no front operacional da arte: da mesma maneira como o desprestígio da idéia de um ensino artístico formalizado tinha atingido o seu ponto culminante no imediato segundo pós-guerra, simultaneamente ao predomínio quase absoluto de poéticas neoromânticas (expressionismo abstrato, arte informal etc.), o surgimento, a partir dos anos 1960, de uma procura por critérios mais objetivos para a arte-educação se encontrava em sintonia com a emergência de novas poéticas, que não mais punham no centro de seus programas a originalidade ou a expressão individual do artista. Precedido pelo Surrealismo e sua celebração dos chamados pompiers – os artistas acadêmicos oitocentistas –, foi este caso, da minimal art, da op art, da pop arte que chegou ao ápice nos anos 1980, com “a implosão de nostalgias passadistas e o difuso direcionamento ‘pós-moderno’ às mídias tradicionais” (Pinelli, 2005, p.44).
No Brasil, a encarnação mais difundida dessas recentes tendências do ensino artístico é, sem dúvida, a chamada Metodologia ou Proposta Triangular, sistematizada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa na década de 1980, e que envolve, como o próprio nome sugere, o trabalho em três vertentes mentais e sensoriais distintas: o fazer artístico, a leitura da obra de arte e contextualização da arte (Barbosa, 1998, p.33). Em finais dos anos 1990, quando da redação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Arte (Brasil, 1997), a Metodologia Triangular se converteu em, nada mais, nada menos, do que o fundamento oficialmente proposto pela Secretaria de Educação Fundamental do MEC para orientar o ensino artístico no Brasil.
Nas últimas três décadas, importantes mudanças de foco ocorreram no ensino de Arte no Brasil.
Seguindo uma via aberta especialmente por arte-educadores norte-americanos, ainda na década de 1960, as novas concepções de aprendizado artístico que têm se firmado em território brasileiro propõem, entre outras coisas, uma revisão crítica da noção de livre expressão e colocam francamente em cheque a idéia ainda muito difundida de que o desenvolvimento artístico – especialmente o da
criança – se processa de maneira espontânea e auto-expressiva.
Na contra-corrente da tendência da livre expressão, autores como Edmund B. Feldman, Thomas Munro e Elliot Eisner frisaram o quanto o desenvolvimento artístico é, na verdade, o resultado de um aprendizado complexo: ele depende de um esforço ativo e – ao menos em parte – consciente na resolução daquelas questões que se apresentam na medida em que se ensaiam tentativas de transformar em objetos acessíveis aos sentidos idéias, aspirações ou sentimentos. Esse processo de aprendizagem pode, em certa medida, ser orientado por um professor, que encontra nessa tarefa uma maneira efetiva de contribuir para a educação artística, seja da criança, seja do adulto.
Para que uma tal mudança de concepção ocorresse, foram certamente importantes as transformações análogas ocorridas no front operacional da arte: da mesma maneira como o desprestígio da idéia de um ensino artístico formalizado tinha atingido o seu ponto culminante no imediato segundo pós-guerra, simultaneamente ao predomínio quase absoluto de poéticas neoromânticas (expressionismo abstrato, arte informal etc.), o surgimento, a partir dos anos 1960, de uma procura por critérios mais objetivos para a arte-educação se encontrava em sintonia com a emergência de novas poéticas, que não mais punham no centro de seus programas a originalidade ou a expressão individual do artista. Precedido pelo Surrealismo e sua celebração dos chamados pompiers – os artistas acadêmicos oitocentistas –, foi este caso, da minimal art, da op art, da pop arte que chegou ao ápice nos anos 1980, com “a implosão de nostalgias passadistas e o difuso direcionamento ‘pós-moderno’ às mídias tradicionais” (Pinelli, 2005, p.44).
No Brasil, a encarnação mais difundida dessas recentes tendências do ensino artístico é, sem dúvida, a chamada Metodologia ou Proposta Triangular, sistematizada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa na década de 1980, e que envolve, como o próprio nome sugere, o trabalho em três vertentes mentais e sensoriais distintas: o fazer artístico, a leitura da obra de arte e contextualização da arte (Barbosa, 1998, p.33). Em finais dos anos 1990, quando da redação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Arte (Brasil, 1997), a Metodologia Triangular se converteu em, nada mais, nada menos, do que o fundamento oficialmente proposto pela Secretaria de Educação Fundamental do MEC para orientar o ensino artístico no Brasil.
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